Mas agora os devaneios são outros do que costumavam ser. Diferentemente de antes, agora eu nada sinto, apenas o peito vazio, a cabeça mais ainda. Tragos apressados, leves e úmidos.
A madrugada tem personalidade, é sombria ao mesmo tempo que acolhedora. Mas já não sei se as suporto com a mesma facilidade dos tempos antigos. Fumar um cigarro já não é um ato escondido cometido por mim, e a novidade é o som dos grilos e dos bichos que cercam os matagais aos redores da minha casa. Não como antes que ouvia o barulho de carros ou ébrios felizes comemorando a gritos a embriaguez fazendo ecoar nas ruas do antigo prédio em que eu morava.
Ouço o som da noite, e também o som que vem dentro de mim. A atmosfera silenciosa da madrugada permite reflexões inigualáveis sobre nós mesmos. Não me lembro a última vez que acordei mais tarde que 10 horas da manhã nos últimos meses, mas quando eu finalmente decidir abandonar o sereno em que me encontro para retornar e adormecer na minha cama quente, não me permito acordar mais cedo que meio dia.
22 de maio de 2020
Que registro bonito você resgatou aqui, Isa ♡ Obrigada por compartilhá-lo conosco. Siga escrevendo, registrando, guardando.
ResponderExcluirFico tão feliz com o seu comentário, Lari <3 Eu faço muitos registros como esse ao longo dos meus dias, mas são poucos que decido compartilhar por aqui. Esse foi um achado de quando a minha rotina ficou bagunçada por conta da pandemia. Um beijo e um ótimo final de semana ♡
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