22.3.21

Prazer te ver de novo, madrugada

São 4:30. Saio para fumar um cigarro, quando abro a porta da sacada me vem de repente um cheiro saudoso da madrugada. Há tempos que não o sentia. Fui teleportada para os devaneios das noites mais longas de insônia que tive. Então, pergunto-me, por que diabos estou acordada a essa hora? É estranho como a noite passou sem que eu nem percebesse, mergulhada em uma pequena tela de um aparelho celular.

Mas agora os devaneios são outros do que costumavam ser. Diferentemente de antes, agora eu nada sinto, apenas o peito vazio, a cabeça mais ainda. Tragos apressados, leves e úmidos.

A madrugada tem personalidade, é sombria ao mesmo tempo que acolhedora. Mas já não sei se as suporto com a mesma facilidade dos tempos antigos. Fumar um cigarro já não é um ato escondido cometido por mim, e a novidade é o som dos grilos e dos bichos que cercam os matagais aos redores da minha casa. Não como antes que ouvia o barulho de carros ou ébrios felizes comemorando a gritos a embriaguez fazendo ecoar nas ruas do antigo prédio em que eu morava.

Ouço o som da noite, e também o som que vem dentro de mim. A atmosfera silenciosa da madrugada permite reflexões inigualáveis sobre nós mesmos. Não me lembro a última vez que acordei mais tarde que 10 horas da manhã nos últimos meses, mas quando eu finalmente decidir abandonar o sereno em que me encontro para retornar e adormecer na minha cama quente, não me permito acordar mais cedo que meio dia.

22 de maio de 2020

2 comentários:

  1. Que registro bonito você resgatou aqui, Isa ♡ Obrigada por compartilhá-lo conosco. Siga escrevendo, registrando, guardando.

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    1. Fico tão feliz com o seu comentário, Lari <3 Eu faço muitos registros como esse ao longo dos meus dias, mas são poucos que decido compartilhar por aqui. Esse foi um achado de quando a minha rotina ficou bagunçada por conta da pandemia. Um beijo e um ótimo final de semana ♡

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