8.3.23

8 de Março

Hoje é o dia internacional das mulheres. Nessa data, eu sempre parabenizei a minha mãe, minhas avós, minha tias, minhas professoras, minhas amigas. Mas acho que nunca parabenizei a mim mesma nesse dia, por todas as situações que já passei dentro desse corpo feminino.

Desde que me entendo por gente, nunca me identifiquei como mulher cis, já teve época em que a questão de gênero para mim era uma nuvem muito nebulosa e confusa. Cresci odiando ser mulher, cresci com todo o terrorismo de ter um corpo de mulher, um útero. Cresci odiando a menstruação, o desenvolvimento dos meus seios, e com a ideia de que eu era amaldiçoada por ter reencarnado nesse corpo e não no de um homem, porque nessa época passei a entender como nossa sociedade patriarcal e machista funcionava, e isso me revoltava. Foi só quando compreendi sobre o feminismo e o Sagrado Feminino que aceitei e acolhi o meu próprio corpo, a minha ciclicidade, a minha menstruação, a feminilidade — que vai muito além do gênero. Essa jornada de aceitação durou mais de 6 anos. Hoje posso afirmar que amo ter nascido mulher, que sou abençoada por isso, e que possuo em mim o aspecto e a essência da Deusa, da criatividade, da fertilidade, da intuição, da beleza, delicadeza e amorosidade, ainda que eu me identifique como um ser não-binário.

Antigamente eu não suportava e não entendia o termo "sororidade", hoje em dia compreendo a importância que ele carrega; o quão necessária é a união das mulheres, a partilha, a empatia, a simples compreensão de que temos que ser fortes todos os dias, e que diariamente temos que conviver com o peso de ser mulher em uma sociedade tão machista e hostil. Ainda há muito o que evoluir na nossa sociedade, mas continuemos firmes na luta por nosso espaço e direitos.

Parabéns para mim, parabéns para todas as mulheres, às mulheres trans e para quem se identifica com o movimento, independentemente de gênero. Somos fortes, somos incríveis, somos Deusas.